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domingo, 4 de setembro de 2011

Fanatismo

Fanatismo  poema de Florbela Espanca  por Fagner

                Fanatismo    


Minh' alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver
Não és sequer a razão do meu viver
pois que tu és já toda minha vida


Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história, tantas vezes lida!


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina, fala em mim!


E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como um deus: princípio e fim!...


Eu já te falei de tudo, mas tudo isso é pouco,
diante do que sinto.
                                                               Florbela Espanca

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