Bem-vindos!





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016



AUTO DA BARCA DO INFERNO
Quando morremos, achamos que tudo acabou, que chegamos ao fim da ladeira, mas não é bem assim. Passamos  por um julgamento e,   no final dessa condenação, somos guiados até uma das barcas que  são duas: uma que nos leva para o paraíso e outra para o inferno.
___ Hora, hora, que dia bom para levar pessoas ao inferno. Hoje o dia vai render muitas almas __diz o diabo todo alegre. Assim que estaciona sua barca do lado esquerdo, logo avista o anjo que logo responde:
___ Não se vanglorie tanto assim, ainda há muitas almas boas por aí __ diz o anjo tentando cortar a onda do diabo.
Um buraco se abre bem no centro do porto onde as barcas estão e de lá de dentro sai uma freira com uma roupa um tanto peculiar:
___ Ué! Que lugar é esse? Jesus, Maria, José, onde estou?
___Bem-vinda minha cara, você está no purgatório. Vamos, entre na minha barca! (diabo)
___ eu sou pura! Não duvide de minha pureza, sou uma freira nunca pequei, não tenho motivos para embarcar com você! __ Diz a freira, já irritada.
___ Que está acontecendo aqui? Por que essa gritaria toda? (anjo)
___ Graças a Deus, anjo você veio me buscar!(freira)
___Na verdade,  não tenho autorização para permitir a sua entrada em minha barca__ Diz o anjo sereno.
___ Como assim? (freira)
___ Você cometeu erros terríveis em sua vida. Não posso permitir a sua entrada nesta barca. (anjo)
___ Mas...mas.... Eu não posso ir para o inferno. (freira)
___ Sinto muito, mas você quebrou seus votos. (anjo)
___  Mas... (freira)
___ Hahahahá! Olhe só a freira que dizia ser pura pecou. Vamos, entre logo em minha barca. Eu não tenho o dia todo. (diabo)
___ Está bem... (freira)
___ É, meu querido anjo, estamos 1x0. Já vi que vou ganhar de lavada de novo __ diz o diabo todo sarcástico.
___ Isto não é uma competição! (anjo)
___ Claro, porque se fosse eu ganharia! (diabo)
Depois de um tempo de conversa entre o anjo e o diabo chega um moço de aparência simples:
___ Olá!! (moço louco)
___ Olá! (anjo)
___ Que lugar é esse e quem é você? (moço louco)
___ Este é o purgatório e eu sou um anjo.
___ Ah... Oi, eu sou ..pera..quem eu sou? (moço louco)
___ Você é um rapaz louco? (anjo)
___ Você disse que aqui é o purgatório, né?  (moço louco)
___ Sim. (anjo)
___ Então eu morri? Como? (moço louco)
___ Você morreu para salvar a vida da sua melhor amiga. Vamos, entre em minha barca.  (anjo)
___ Está bem. (moço louco)
___ Epa, pera aí! Como assim ele vai com você? Não! Não!  (diabo)
___ Eita, moço, tem  uns chifres na sua cabeça! (moço louco)
___ Hahà! Engraçadinho! (diabo)
___ Seu coração é puro e suas atitudes foram boas. Venha comigo.  (anjo)
___ Ele vem comigo! (diabo)
___ Vou nada! __ diz o rapaz entrando na barca do anjo.
Assim que o moço louco entra na barca, chega uma mulher acompanhada de um homem. Ambos bem vestidos:
___ Finalmente chegamos! Cadê a nossa barca?  (homem rico)
___Não sei, mas já deveria ter chegado!__diz a mulher já impaciente.
___ Bem-vindos ao purgatório!  (diabo)
___ Onde está a nossa barca particular? (homem rico)
___ A única que tem é essa aqui. Vai entrar logo ou vai ficar de “mimimi”?  (diabo)
___ Nós exigimos uma barca particular!__diz a moça nervosa.
___O que está acontecendo aqui? (anjo)
___ Esse homem alega que não teremos uma barca Vip.  (homem rico)
___ Mas vocês não têm esse direito. (anjo)
___ Como não? Nós somos milionários, podemos pagar o que for para termos uma barca particular guiado por você!  (homem rico)
___ Aqui o seu dinheiro não tem valor algum. A vida inteira vocês foram mesquinhos, fúteis e soberbos. Sinto muito, mas aqui vocês não entram.   (anjo)
___ Vamos para a outra barca. Com certeza,  vamos conseguir uma barca Vip lá. (mulher rifca)
___ Olá!!  (mulher rica)
___ Entrem logo! __diz o diabo impaciente.
___ Aff!!  que lugar horrível!  (mulher rica)
___ É, meu caro anjo, o dia está quase acabando e você só embarcou um. Pelo visto eu já ganhei! __diz o diabo, todo contente e sarcástico.
___Isto não é uma aposta, eu já te falei e são poucos os que entrarão no reino do céu.  (anjo)
Depois de um tempo chega uma senhora:
___ Bem-vinda, senhora! Entre.  (anjo)
___ Olá! Obrigada. Esta barca vai para onde?  (senhora caridosa)
___Ela te levará para o céu.  (anjo)
___ Opa! Como assim, ela já vai entrando? __pergunta o diabo já com raiva.
___ Ela fez boas ações a vida inteira e seu coração é puro.  (anjo)
___ Humm...  Vou facilitar pra você dessa vez, anjinho __diz o diabo irônico.
___ Claro, como queira __diz o anjo, tentando evitar um conflito.
Assim que a senhora caridosa embarca, chega um casal gay.
___ Bem-vindos a barca que os levará para o céu. (anjo)
___ Adoro!!!  (casal gay)
___ Espera um momento aí! Segundo as pessoas, eles não podem ir para o céu!  (diabo)
___  Miga, sua louca, por que não podemos?  (casal gay)
___ Não sei, mas vocês não podem!!  (diabo)
___ Mas é claro que eles podem embarcar em minha barca. Eles são apenas um casal apaixonado. O amor não é um erro, como tantos dizem. Vocês são os últimos de hoje. Entrem __diz o anjo calmo e feliz__ se isso fosse uma aposta eu teria ganhado.
___ Ué!, mas você disse que  eram poucos os que entrariam em sua barca!  (diabo)
___ Sim, eu disse, mas as ações que eles tiveram em vida garantiram seu lugar em minha barca. (anjo)
___ Bom, amanhã é um novo dia. Amanhã eu ganho! __diz o diabo, inconformado com a derrota.
E assim acaba mais um dia no purgatório. Cada barca seguiu o seu caminho, levando seus passageiros aos seus destinos.


SARA DINIZ, 1º A

terça-feira, 26 de janeiro de 2016



Cordel:
CONTOS AFRICANOS


Vou mostrar nesse cordel
Um trabalho original
Com os contos africanos
Cuja origem é oral
Que traz muito ensinamento
E preserva  o sentimento
Com  energia vital.

A cultura africana
Berço da humanidade
Tem a força na palavra
Através da oralidade
Ganha vida a fantasia
Que ensina com alegria
Seus valores de verdade.

Temos que valorizar
Os saberes africanos
Não podemos mais deixar
Ficar em segundo plano
Resgatar suas histórias
Que estão vivas na memória
Desse povo muito humano.

As raízes do Brasil
Lá na África estão
Negar essa identidade
É perder toda a razão
Porque somos o segundo
País mais negro do mundo
Por causa da escravidão.

                                   Zizi, set/2015

sábado, 20 de setembro de 2014

ESQUEMAS DISSERTATIVOS

***OBS. Esses esquemas descritos abaixo, assim como as dissertações desta postagem foram retiradas do livro "TÉCNICAS BÁSICAS DE REDAÇÃO", autora: Branca Granatic, da editora Scipione.


  ESQUEMA BÁSICO DE DISSERTAÇÃO

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AS RELAÇÕES DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA
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 A ABORDAGEM DE TEMAS POLÊMICOS 
*********

A RETROSPECTIVA HISTÓRICA
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A LOCALIZAÇÃO ESPACIAL 1
*********
 LOCALIZAÇÃO ESPACIAL 2
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DISSERTAÇÃO COM PREDOMINÂNCIA CRÍTCA

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Um cordel da Zizi


Quero compor um cordel 
Mas não posso me esquecer 
Que esse tipo de poema 
Regras tem que obedecer  
Os versos  em redondilhas 
Nas estrofes septilhas,
                                   Isso tem que aparecer.                                                                                                                                               
A estrutura é importante, 
Mas não é essencial 
Desenvolver bem o tema 
É que é fundamental 
Para chamar a atenção 
Tocar bem no coração 
E tornar-se  especial.          

sábado, 26 de julho de 2014

Exemplos de narradores


Narrador observador:
“Era uma vez em Felicidade um velho tão unha-de-fome que andava uma semana com o chinelo esquerdo, pé direito com sapato - para ninguém dizer que ele era pobre. Depois andava outra semana com o chinelo direito, o pé esquerdo com sapato: chinelo é mais barato e, assim, os sapatos duravam anos. Até que um dia ele morreu, sem desconfiar que aquela dor nas costas era de andar com um pé mais alto que o outro.(Domingos Pellegrini: “A árvore que dava dinheiro”)

Narrador onisciente:
“Se o ronco de um quadrimotor rompe a calma da manhã, os olhos da velhinha se erguem assustados do canteiro de couves para o céu (...) e então ela olha para os canteiros, seus canteiros, que ela rega toda manhã e de tempos em tempos cava com a enxadinha e semeia, ela olha e tem medo, seu coração, que já morreu em muitas mortes e que sempre ressuscitou com a valentia de uma planta rebelde, parece agora temer coisas jamais vistas, coisas obscuras e terríveis que lhe anunciam o ronco do avião sobre sua cabeça, as notícias que os olhos, num intervalo do croché, vão tentando decifrar no jornal largado sobre a mesa, ou os ouvidos atentos recolhem das conversas.”  (Luiz Vilela: Preocupações de uma velhinha)

Narrador intruso:
Que me conste, ainda ninguém relatou o seu próprio delírio; faça-o eu, e a ciência mo agradecerá. Se o leitor não é dado à contemplação destes fenômenos mentais pode saltar o capítulo; vá direto a narração. Mas, por menos curioso que seja, sempre lhe digo que é interessante saber o que se passou na minha cabeça durante uns vinte a trinta minutos. (Machado de Assis: Memórias Póstumas de Brás Cubas)

Narrador testemunha:
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever (...)Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos.(...) Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. (Fernando Sabino: “A Última Crônica)

Narrador Protagonista:
"Era um menino triste. Gostava de saltar com os meus primos e fazer tudo o que eles faziam. Metia-me com os moleques por toda parte. Mas, no fundo, era um menino triste. Às vezes dava para pensar comigo mesmo, e solitário andava por debaixo das árvores da horta, ouvindo sozinho a cantoria dos pássaros." (José Lins do Rego: “Menino do Engenho”)

Narrador modo dramático:
-- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
-- Sei dizer não senhor: não tomo café.
-- Você é dono do café, não sabe dizer?
-- Ninguém tem reclamado dele não senhor.
-- Então me dá 
café com leite, pão e manteiga.
-- Café com leite só se for sem leite.
-- Não tem leite?
-- Hoje, não senhor.
(Fernando Sabino: “Conversinha Mineira”)


Narrador câmera:

“Uma sombra no chão, um seguro que se desvalorizou, uma gaiola de passarinho. Uma cicatriz de operação na barriga e mais cinco invisíveis, que doem quando chove. Uma lâmpada de cabeceira, um cachorro vermelho, uma colcha e os seus retalhos. Um envelope com fotografias, não aquele álbum. Um canto de sala e o livro marcado. Um canto de sala e o livro marcado. Um talento para as coisas avulsas, que não duram nem rendem. Uma janela sobre o quintal, depois a rua e os telhados, tudo sem horizonte. Ricardo Ramos: “Circuito Fechado”)